
Piero Leri e Michela Roc
O sofrimento dos personagens da literatura, em forma esquemática e dramática nas
expressões excessivas dos close-ups, que, para PANOFSK, p. 321, “ao nos mostrar, o rostos do que fala ou dos que ouvem, ou ambos alternadamente, a câmara transforma a fisionomia humana num imenso campo de ação onde – conforme as qualificações dos intérpretes – cada movimento sutil das feições, quase imperceptível a uma distância natural se transforma num acontecimento expessivo no espaço visível...”, estimulavam o envolvimentos nos angústias dos mesmos atores que se
travestiam de novas personas num desfile infinito de perucas, cenários, maquiagens, locações exóticas que eram puro encantamento.
Porém, segundo HABERT, p. 135, a exposição clara e redudante, as transformações dos acontecimentos em formas A-históricas tornam o personagem e o público na
recepção, um ser perdido num vasto mundo, rigorosamente ordenado e com uma única saída: a realização do amor. As soluções são sempre sentimentos.
Por isso a fotonovela nos parece um fenômeno de comunicação de massa
dos mais típicos. Envolve o indivíduo com o apelo dos sentimentos básicos
e fornece-lhe, ao mesmo tempo, um mundo equilibrado e sem conflito. As
buscas de identificação dos leitores, às vezes acrescentada de elementos
eróticos e de violência, mas controlados de maneira a mais racional e
apresentado para consumo sob forma de um ritual. (HABERT, p. 136)
As revistas de fotonovelas apresentavam uma mistura de elementos como amor,
beleza, casamento, sexo e lazer em matérias sobre a forma de imaginário, de conselhos úteis ou de informação. Dos anos 1960, da descoberta do alfabeto pelo autor, da leitura enebriante dos fotoromances, das sensações da juventude e dos primeiros contatos com o universo da comunicação, como ciência, as revistas sentimentais desapareceram das bancas brasileiras ao final dos anos 1970, pois na concorrência com a programação televisiva a sociedade optou por produto brasileiro, de sedução, mais uma vez inspirado no cinema e nos folhetins, que reune imagem e movimento: a telenovela, produto de exportação da indústria cultural brasileira.