segunda-feira, 30 de junho de 2008
O humor de Jô Soares
No site de O GLOBO vi uma matéria sobre a importância do criativo Jô Soares para o humor no Brasil. Opinei sobre ele.
Anos depois, continua sendo puro prazer assistir o Gordo na TV. A grande renovação do humor, nos anos 70, na história da TV, aconteceu com Jô Soares e Chico Anísio. Porém, Jô Soares criava personagens à frente do seu tempo.Os tipos e bordões eram completamente diferentes e originalíssimos. Artur da Távola dizia que os personagens eram inspirados na psicologia. Havia uma sofisticação de conteúdo, com os elementos de identificação que encantavam a grande platéia televisiva do Brasil.
A modernidade que a Rede Globo trazia para o Brasil tinha na performance criativa de Jô e seu elenco primoroso uma celebração de criatividade. Claro que o grande Max Nunes foi o porto seguro na escalada de sucesso. Eles se completam. Mais sofiscadas que as caracterizações dos personagens de Jô, eram as metáforas do Brasil que tentava fazer a passagem dos inspirados nos 60 para o futuro.
O humor chulo e frágil de hoje precisa rever a trajetória da comicidade inteligente, sofisticada e sem preconceitos que Jô sensivelmente nos brinda há meio século.Salve!
quarta-feira, 25 de junho de 2008
Internet: mergulho no abismo
Interface com o ecrã
Naquele tempo a mulher do povo enxugou o rosto sangrado do filho de Deus. A imagem estampada no véu foi nominada à categoria de aura ao grito de "vera ícona", que dá nome à Verônica, a pagã que trouxe a verdadeira imagem da divindade misteriosa chamada Jesus. No cantochão de Verônica, revelando no véu a epopéia sedutora da imagem viria reforçar a dominação católica, por séculos e séculos, amém, pois o homem é presa fácil de signos sonoros e ícones.
A magia e espanto da reprodução no ecrã, fora de si, para o outro, instiga à reflexão dos mistérios labirínticos que envolvem o existir. Ser seduzido por imagens é o máximo da distração e estar distraído gera o estado de inércia, terreno fértil para a hipnose. E se "o olho apreende mais rápido do que a mão desenha", o enigma da esfinge, eterna Medusa a transformar o homem em pedras, congela o decoficador num acorrentado, como Prometeu da tragédia grega.
Se fosse fácil não seria mágico. A qualidade principal da imagem que serve ao culto é ser inaproximável. Por sua natureza ela é sempre longínqua, por mais próxima que possa estar. O impacto da química do bem promovida pela descoberta da fotografia, promoveu a revolução que antecedeu a sociedade da informação. O homem como vilão de si mesmo, inconformado com a prisão e limitação corporal que estar vivo exige, busca elementos de inteligência artificial para explicar o desespero de cada segundo sem resposta. A aura é a ponte entre o estar aqui sentindo e realidade etérea que precisa mirar para não enlouquecer nas "estradas da informação " de Juan Tedesco( 2006).
O invólucro que protege a obra de arte garante a magnitude da aura, o valor cultural e a autenticidade se prostituiu com o avanço da tecnologia antropofágica e sádica.Homem lobo do homem. "Se a obra de arte sempre foi suscetível de reprodução" a tecnologia faz da indústria cultural numa orgia de letras, sons e imagens. Um bacanal dionisíaco que mistura o sacro e profano.
"O hit et nunc" (O aqui e agora) de Walter Benjamin se perde na promíscua reprodutividade técnica. As invenções permitiram um sem número de cópias xerográficas, fax, papiros, papel, carbono, mimeográfo, papel de seda, espelhos mágicos,litografias, ultrassonografia, tatuagens, gravuras, retratos, binóculos,ampliações por geometria, lupas, microscópios, tomografia computadorizada, alterações de estampas com acetonas etc. A artilharia da criatividade a serviço da permissividade. Benjamin analisa como pecado mortal "o que uns homens haviam feito, outros podiam refazer. Em todas as épocas discípulos copiaram obra de arte a título de exercício" (?).
André Gide(1996) propõe o termo construção em abismo (Mise em Abîme/Em Abyme), por analogia com o termo brasão "que designa uma figura colocada no centro do escudo, e que figura outro escudo". Os meios de comunicação permitem a modalidade da busca do elemento reprodutivo, dentro de outro e assim, indefinidamente. No abismo.
Na sonolência do botequim pé-sujo, que povoa o cotidiano brasileiro, "com bêbado, o mendigo, o vendedor ambulante de banha de cobra" as estrada da informação fazem o "pé-sujo" voltar americanizado como "Cyber Café", onde bêbados do ecrã se entorpecem com rótulos e signos. Coisas de lá com as de cá. A nova identidade do "pé-sujo cibernético" traz o vício eletrônico, a construção em abismo do navegar, onde distração, a atração, fascinação atraem pela hipnose a viagem épica pela internet.
Viciados da Net unidos vagam, como cão sem dono, pelas ruas na falta de energia elétrica nos ciber limpos.
A interação cara-a-cara é substiuída por ícones, sons e textos em profusão.Invade-se o mundo proibido e o permitido.É a prostituição da informação virótica. Inclui o cidadão na sensação de pertença, como no gozo sexual, divinamente partilhado com todos no existir. O cidadão usa a internet como inclusão, com prazer, sentimento, como na viagem de Verne "ao mundo', agora em trinta segundos. Ele existe, pensa sobre suas coisas e as do universo. E pode criar e recriar imagens e semelhança.
O domínio das sensações humanas faz interagir a solidão nos milhares de bytes do ecrã. Se o vizinho não o conhece, não tem voz ativa na política, no ciberespaço tudo é diferente: pode-se amar, encontrar, chorar, protestar, ser voyeur, fazer sexo virtual, pecar e rezar. O escape é o slogan da liberdade e sonhos utópicos.
O nome é feio: ecrã. Mas permite o passeio pelo shopping center eletrônico da vida, da descoberta do deus virtual. Poder mergulhar exige esforço sinestésico profundo. Visão, tato, audição, paladar (apesar de fumar, beber e comer perto do teclado ser pecado). Nesse pé-sujo não se cospe no chão.
O toque erotizado das teclas faz do navegador o onanista virtual, sem sair da aldeia para a orgia midiática. Lá, com profundo gozo e alteração das sensações e percepções encontra a Verônica e o véu, a fotografia, as cópias pioradas do existir e virtuais sentimentos. A informação virótica faz a ponte entre o homem e o mundo, que como a Verônica contemporânea busca o revelar de segredos, sonhos e fantasias. E milagres!
Ibope da Globo em 2008 é o menor da história
Ricardo Feltrin
Colunista do UOL
Dados obtidos com exclusividade por Ooops! mostram que a Globo, maior emissora do país, está tendo o pior ano em ibope de sua história. Os dados foram apurados até anteontem, dia 23. A possibilidade (estatística) de os dias restantes de junho mudarem o quadro semestral é praticamente zero.
Nos últimos cinco anos, a queda de audiência da Globo entre 7h e 0h ficou em -20%, tanto na Grande SP como no país. Em São Paulo, dos 22,6 pontos de média registrados no primeiro semestre de 2004, a emissora caiu para 18 este ano. Cada ponto equivale a cerca de 55 mil domicílios sintonizados na Grande SP.
No Brasil, as médias da Globo foram 24,2 em 2004, contra e 19,5 em 2008. É a primeira vez que a rede fica abaixo dos 20 pontos nessa faixa horária.
E você, o que acha? Na sua opinião, por que o Ibope da Globo está caindo? Dê a sua opinião.
Do outro lado do ringue...
Com investimentos na casa dos R$ 300 milhões por ano (desde 2004), boa parte advindos da venda de horários noturnos para a Igreja Universal, a Record --principal rival da Globo hoje-- vai em direção contrária: teve o maior "boom" de audiência de todos os tempos: 112% na Grande SP e 127% na audiência brasileira.
O maior crescimento da rede ligada ao bispo Edir Macedo ocorreu ainda no horário mais rentável da TV, o nobre (mais de 160%), graças às novelas.
No entanto, a Record ainda tem apenas 50% da média da líder na Grande SP (9 x 18 pontos). E na média nacional a distância é ainda maior: 7,5 x 19,5 pontos.
Mas as curvas estatísticas desde 2004 apontam que, enquanto a Record vem subindo de forma constante, a Globo cai.
Com isso, a Record ultrapassou a então histórica vice-liderança do SBT, que agora se tornou a 3ª rede do país: de 8 pontos de média obtidos na primeira metade de 2004 a TV de Silvio Santos caiu para 6,1 pontos em 2008: queda de 24%, ou quase um em cada 4 telespectadores.
sexta-feira, 6 de junho de 2008
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