sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O primeiro milagre do menino Jesus



Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor...Lá na rua do buraco?... Tem sim, senhor... Hoje tem alegria? Tem sim, senhor... No nariz da sua tia? Tem sim, senhor... E assim o palhaço seguia pelas ruas da cidade, às cinco da tarde, sol escaldante, anunciando o próximo espetáculo do circo, com a meninada atrás gritando e garantindo a entrada na atração da noite. A fala do palhaço e das crianças remete, na memória afetiva, ao Primeiro Milagre do Menino Jesus, peça teatral do italiano Dario Fo em que a história poética do menino Deus é tomada a partir dos evangelhos apócrifos, um conjunto de histórias ligadas à vida de Jesus e dos apóstolos. Existem centenas deles. Aqui recordamos o “proto-evangelho” que narra a vida de Jesus da fuga o Egito até o momento em que ele volta do deserto. Nos quatro evangelhos oficiais, não se fala de fato desse período, mais ou menos vinte anos da vida de Cristo.
Jesus pequeno, faz com que pássaros voem e protege seus companheiros, reagindo à arrogância daqueles que pretendem destruir sua criação. O humor ferino caústico de Fo, famoso na Itália, relata os anos da infância do menino Jesus naquele período que não foi permitido aos evangelistas contarem.
Um dia Jesus vê crianças brincando de pula-sela, esconde-esconde, bandido e mocinho. Quer brincar e não é aceito pelo grupo. “Não. Fora, Palestina!” e chorava em sua solidão de menino. Sua mãe dizia: “Não sai por aí fazendo milagre que se descobrem que você é filho de Deus...chegam os homens do Herodes e toca a fugir de novo”. Na praça havia uma fonte. Perto dela, só terra. Argila para fazer tijolo. O menino pega um pedaço de terra, esculpe um passarinho e assopra...O passarinho de barro abre as asas e voa.
Um garoto chamado Tomé precisa ver para crer. As crianças criam linguiça, cobra, gato, bostona e uma torta. O pequeno assopra: PFUUUU...todos voam. Chegam meninos de todos os cantos. Brincam, riem e cantam. De repente: TRAC! O portão da grande praça se escancara, um cavalo preto montado por “um menino com cara sadia, olhos de malandrinho, cabelo bem penteado...plumas no chapéu, terno de veludo e seda com um colete de rendas.! Rico! O filho do patrão. Sabendo do feito de Jesus o garoto rico fica vermelho. Enfurecido. “Conta para mim, do que é que você estão brincando?” Não! O filho do patrão destroi com os cascos do cavalo todos as figuras de barro.Tudo quebrado, esfarelado. O menino Jesus grita “Paiêêê!!” As nuvens se abrem. O Padre Eterno se debruça entre as nuvens e pergunta o que aconteceu. O Pai concordou: “Você tem razão. Devo concordar que quebrar, destruir sonhos e brincadeiras de fantasias das crianças é a pior das violências...Mas, meu amor, ele é uma criança...O que é que eu devo fazer?” O menino gritou: “Mata!” Deus argumentou: “Mas, querido, fiz você descer do céu justamente para ensinar a paz aos homens, para falar de amor. E na primeira vez que alguém te faz alguma coisa, você que matá-lo? Faz o que bem entender.” Sumiu nas nuvens!
FFVVUUUUOOOMMMM! Dos olhos do menino Jesus sai um tremendo raio. Uma língua de fogo se enrosca no pimpolho rico, derruba, contorce-o, joga o filho do patrão no chão.Vira uma estátua de terracota fumegante. Maria, que ouvira de longe os gritos, chega correndo. “Menino o que você fez?” Era o seu primeiro milagre. Inocentemente disse: “Olha, ainda está quente.” A mãe insistiu....“Ressuscita rapidinho”... Não queria obedecer a mãe. “Ressuscita!” TUM! O menino Jesus deu um chute na bunda de barro, o garoto rico, em carne e osso, ficou em pé e perguntou o que aconteceu... Escutou: “Se começar a pensar, a raciocinar, e fazer maldades, toma cuidado que você vai crescer de tanto chute que vai levar.” Amém.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Jornal Nacional e os bastidores da troca



Bastidores da troca no “JN”, por Rodrigo Vianna
Enviado por luisnassif, qui, 01/12/2011 -
Autor:
Adriano S. Ribeiro
A Globo confirma a saída de Fátima Bernardes do “JN”. No lugar dela deve entrar Patrícia Poeta – atual apresentadora do “Fantástico”.
Fiz hoje pela manhã – no twitter e no facebook – algumas observações sobre a troca; observações que agora procurarei consolidar nesse post. Vejo que há leitores absolutamente céticos: “ah, essa troca não quer dizer nada”. Até um colunista de TV do UOL, aparentemente mal infomado, disse o mesmo. Discordo.
Primeiro ponto: a Patrícia Poeta é mulher de Amauri Soares. Nem todo mundo sabe, mas Amauri foi diretor da Globo/São Paulo nos anos 90. Em parceria com Evandro Carlos de Andrade (então diretor geral de jornalismo), comandou a tentativa de renovação do jornalismo global. Acompanhei isso de perto, trabalhei sob comando de Amauri. A Globo precisava se livrar do estigma (merecido) de manipulação – que vinha da ditadura, da tentativa de derrubar Brizola em 82, da cobertura lamentável das Diretas-Já em 84 (comício em São Paulo foi noticiado no “JN” como “festa pelo aniversário da cidade”), da manipulação do debate Collor-Lula em 89.
Amauri fez um trabalho muito bom. Havia liberdade pra trabalhar. Sou testemunha disso. Com a morte de Evandro, um rapaz que viera do jornal “O Globo”, chamado Ali Kamel, ganhou poder na TV. Em pouco tempo, derrubou Amauri da praça São Paulo.
Patrícia Poeta no “JN” significa que Kamel está (um pouco) mais fraco. E que Amauri recupera espaço. Se Amauri voltar a mandar pra valer na Globo, Kamel talvez consiga um bom emprego no escritório da Globo na Sibéria, ou pode escrever sobre racismo, instalado em Veneza ao lado do amigo (dele) Diogo Mainardi.
Conheço detalhes de uma conversa entre Amauri e Kamel, ocorrida em 2002, e que revelo agora em primeira mão. Amauri ligou a Kamel (chefe no Rio), pra reclamar que matérias de denúncias contra o governo, produzidas em São Paulo, não entravam no “JN”. Kamel respondeu: “a Globo está fragilizada economicamente, Amauri; não é hora de comprar briga com ninguém”. Amauri respondeu: “mas eu tenho um cartaz, com uma frase do Evandro aqui na minha sala, que diz – Não temos amigos pra proteger, nem inimigos para perseguir”. Sabem qual foi a resposta de Kamel? “Amaury, o Evandro está morto”.
Era a senha. Algumas semanas depois, Amauri foi derrubado.
Kamel foi o ideólogo da “retomada conservadora” na Globo durante os anos Lula. Amauri foi “exilado” num cargo em Nova Yorque. Patrícia Poeta partiu com ele. Os dois aproveitaram a fase de “baixa” pra fazer “do limão uma limonada”. Sobre isso, o Marco Aurélio escreveu, no “Doladodelá”.
Alguns anos depois, Amauri voltou ao Brasil para coordenar projetos especiais; Patrícia Poeta foi encaixada no “Fantástico”. Só que Amauri e Kamel não se falavam. Tenho informação segura de que, ainda hoje, quando se cruzam nos corredores do Jardim Botânico, os dois se ignoram. Quando são obrigados a sentar na mesma mesa, em almoços da direção, não dirigem a palavra um ao outro. Amauri sabe como Kamel tramou para derrubá-lo.
Pois bem. Já há alguns meses, logo depois da eleição de 2010, recebemos a informação de que Ali Kamel estava perdendo poder. Claro, manteria o cargo e o status de diretor, até porque prestou serviços à família Marinho – que pode ser acusada de muita coisa, mas não de ingratidão.
Otavio Florisbal, diretor geral da Globo, deu uma entrevista ao UOL no primeiro semestre de 2011 dizendo que a Globo não falava direito para a classe C (o Brasil do lulismo). Por isso, trocou apresentadores tidos como “elitistas” (Renato Machado saiu pra dar lugar ao ótimo Chico Pinheiro – aliás, também amigo de Amauri). A Globo do Kamel não serve mais.
Lembremos que, desde o começo do governo Lula, a Globo de Kamel implicava com o “Bolsa-Família”. Kamel é um ideólogo conservador. Por isso, nós o chamávamos de “Ratzinger” na Globo. É contra quotas nas universidades, acha que racismo não existe no Brasil. Botou a Globo na oposição raivosa, promoveu a manipulação de 2006 na reeleição de Lula (por não concordar com isso, eu e mais três ou quatro colegas fomos expurgados da Globo em 2006/2007). E promoveu a inesquecível cobertura da “bolinha de papel” em 2010 – botando o perito Molina no “JN”. Nas reuniões internas do “comitê” global, ao lado de Merval Pereira, tentava convencer os irmãos Marinho dos “perigos” do lulismo.
Lula sabe o que Kamel aprontou. Tanto que no debate do segundo turno, em 2006, nem cumprimentou Kamel quando o viu no estúdio da Globo. Isso me contou uma amiga que estava lá.
Os irmãos Marinho parecem ter percebido que Kamel os enganou. O lulismo, em vez de perigo, mudou o Brasil pra melhor. Mais que isso: a Globo agora precisa de Dilma para enfrentar as teles, que chegam com muito dinheiro e apetite para disputar o mercado de comunicação. Kamel já não serve para os novos tempos. Assim como os “pitbulls” Diogo Mainardi e Mario Sabino não servem para a “Veja”.
Dilma buscou os donos da mídia, passada a eleição, e propôs a “normalização” de relações. O governo seguiu apanhando, na área “ética” – é verdade. O que não atrapalha a imagem de Dilma. Há quem veja na tal “faxina” um jogo combinado entre a presidenta e os donos da mídia. Será? Dilma tiraria as “denúncias” de letra (o custo ficaria para Lula e os aliados). Do outro lado, os “pitbulls” perderiam terreno na mídia. É a tal “normalização”. Considero um erro estratégico de Dilma. Mas quem sou eu pra achar alguma coisa. O fato é que a estratégia hoje é essa!
Patricia Poeta no “JN” parece indicar que a “normalização” passa por Ali Kamel longe do dia-a-dia na Globo (ele ainda tenta manobrar aqui e ali, mas já sem a mesma desenvoltura). Isso pode ser bom para o Brasil.
Não é coincidência que a Globo tenha permitido, há poucos dias, aquela entrevista do Boni admitindo manipulação do debate de 89. A entrevista (feita pelo excelente jornalista Geneton de Moraes Neto) foi ao ar na “Globo News”. Alguém acha que iria ao ar sem conhecimento da família Marinho? Isso não acontece na Globo!
Durante os anos de poder total de Kamel, a Globo tentou “reescrever” o passado – em vez de reconhecer os erros. Kamel chegou a escrever artigo hilário, tantando negar que a Globo tenha manipulado a cobertura das Diretas. Virou piada. Até o repórter que fez a “reportagem” em 84 contou pros colegas na redação (eu estava lá, e ouvi) – “o Ali é louco de tentar negar isso; todo mundo viu no ar”.
Ali Kamel nega o racismo, nega a manipulação, nega a realidade. Freud explica.
Agora, Boni reconhece que a Globo manipulou em 89. Isso faz parte do movimento de “normalização”. O enfraquecimento de Kamel também faz.
Tudo isso está nos bastidores da troca de apresentadores do “JN”. Mas claro que há mais. Há a estratégia televisiva, pura e simples. Fátima Bernardes deve comandar um programa matutino na Globo. As manhãs são hoje o principal calcanhar de aquiles da emissora carioca. A Record ganha ou empata todos os dias. Com o “Fala Brasil”, e com o “Hoje em Dia”. Ana Maria Braga não dá mais conta da briga – apesar de ainda trazer muita grana e patrocinadores.
Fátima deve ter um novo programa nas manhãs. Ana Maria será mantida. Até porque na Globo as mudanças são sempre lentas – como no Comitê Central do PC da China. A Globo é um transatlântico que se manobra lentamente.
Se a Fátima emplacar, pode virar uma nova Ana Maria. O programa dela deve contar com outras estrelas globais (Pedro Bial, quem sabe?).
A mudança de apresentadores tem esse duplo sentido: enfraquecimento de Kamel (que continuará a ter seu camarote no transatlântico global, mas talvez já não frequente tanto a cabine de comando); e estratégia pra recuperar audiência nas manhãs.
A conferir.
http://www.rodrigovianna.com.br/radar-da-midia/bastidores-da-troca-no-jn.html#more-10754
fsiqueira@aepet.org.br, Paulo Metri

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Fotonovela: melodrama de papel


Páginas rasgadas do passado
Ao ler esta revista você procura alguma emoção. Reconhecer algo ou alguém na chamada identificação. A vida inteira os meios de comunicação ajudaram a entender o lugar do homem no existir. Hoje a internet rouba preciosos minutos de convivência familiar e com amigos. McLuhan, cientista da informação, disse que os veículos comunicação promovem profundas modificações sociais e psicológicas. Justifica-se assim a paixão pelo jornal, revistas, rádio, cinema, TV, internet e o mundo perturbado....

Desde menino foi criado num caixote de revistas na casa de vovó. Para Thompson a informação faz a ponte para o futuro constituído pela família e os
estímulos ao jovem romântico e sensibilizado pelos meios de comunicação, de modo especial a história da família pode dar ao indivíduo um forte sentimento de duração muito maior de vida pessoal, que pode ir além de sua própria morte.

Perseguido pelas imagens, anos depois, era preciso promover o encontro do menino e leitor com o pesquisador da comunicação para entender e revelar como a indústria cultural busca nas teorias psicológicas, de comportamento e de sedução, a presa fácil. Não há dúvida alguma que isso deve contribuir para uma reconstrução mais realista do passado, pois como um mendigo da evasão ele vagava pelas ruas da cidadezinha esperando encontrar um caixote mágico cheio de revistas ou na vigília diária, no ponto de ônibus da praça principal da cidadezinha, para investigar quem, ao desembarcar, trazia uma revista nas mãos. Magicamente, para não amassar, elas estavam sempre nas mãos de quem comprou, nunca dentro das bolsas. Dias depois como um detetive atencioso ele batia na porta da casa do alvo (o comprador) e perguntava: “Não tem alguma revista para emprestar para minha mãe?” Ela não sabia de nada mas como professora era o aval para garantia de devolução e cuidado...


As revistas eram socializadas entre os leitores do cotidiano livre e onde tudo estava por fazer. Até as obrigações escolares. As habilidades para o contato advinham da espera de recompensa do prazer em abrir mais um mundo imaginário tornado real através das revistas. A emoção de ler o novo folhetim era como se estivesse no reino da liberdade. De devaneio ou evasão que Lipovestsky cita “entre os sociológos como Larzasfeld ou Berton e mais ainda entre os filósofos como Marcuse ou Debord, a cultura de evasão tornou-se um novo ópio do povo encarregado de fazer esquecer a miséria e a monotonia da vida cotidiana. Em resposta à alienação generalizada, o imaginário industrial atordoante e recreativo”. Ih, sobrou para o rádio, TV. jornal e internet.

A viagem no universo da fantasia sentimental das revistas começa no ritual de estar bem acomodado, deitado ou confortavelmente instalado no
quartinho em cama de colchão de palha e embevecer com as capas sedutoras e mágicas, com modelos sorridentes e cenas do cotidiano que o bom Roland Barthes, no texto “Mensagem fotográfica” sentencia: "Às vezes também a palavra pode até contradizer a imagem de maneira a produzir uma conotação compensatória e Gerbner mostrou que em capas de revistas sentimentais a mensagem verbal das manchetes da capa de conteúdo sombrio e angustiante acompanhava sempre a imagem de uma garota sorridente e radiosa; as duas mensagens entram aqui em compromisso, a conotação tem função reguladora, preserva o jogo irracional da projeção-identificação.

Hoje ele coleciona revistas de fotonovelas e outras como um guardião da memória. Posta fragmentos de memórias para amigos da internet no Brasil e nos quatro cantos do mundo. Sua casa é o mesmo caixote de ilusões...

Personagem
Rosário Trentini é o romântico parado no tempo e espaço. Vive como o galã de papel sentimental, terno e fraco. Tímido em essência transporta-se em sedução imaginária para universo mítico dos anos 1960. Aguarda um final de reencontros e viver feliz para sempre!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Robson Terra e José Eduardo Arcuri comemoram 40 anos de teatro e relembram momentos dentro e fora da cena



O feijão e o sonho

Texto Rapahela Ramos, Tribuna de Minas, 15.11.2011

Enquanto narra sua travessia teatral, o professor e diretor Robson Terra parece atracar-se com o tempo. Como os dias puderam passar tão depressa, deixando fresca na memória a imagem do menino magro que veio de Chácara? São 40 anos de dedicação ao ofício da cena, iniciados ao lado de José Eduardo Arcuri. Os atores foram os primeiros a chegar ao Forum da Cultura, sede do Grupo Divulgação, naquele 25 de outubro de 1971. Com expectativa e esperança nas malas, guardavam, em compartimentos escondidos, características muito próprias. "Somos as duas máscaras", define Terra, mais ligado à comédia e às questões práticas da vida artística. Arcuri, afeito ao drama, possui visão romântica da profissão. "Estou sempre à espera de um novo projeto que me satisfaça ainda mais. Isso paira no ar", comenta, capturando na literatura outra síntese para a dupla: "o feijão e o sonho".

Até então, os dois artistas não se conheciam, mas já acalentavam, cada um a seu modo, o desejo de subir ao palco. Arcuri, 61 anos, adiou a ideia o quanto pôde, por medo de se decepcionar consigo mesmo. "Acabei sendo levado por uma atriz, esposa de um professor de alemão", conta. Segundo Robson Terra, a voz do tímido amigo logo chamou a atenção de José Luiz e Malu Ribeiro, referências intelectuais do Divulgação. "Naquele momento, me tornei fã do Zé Eduardo." Por ter começado mais novo, com apenas 17 anos, Terra ainda tinha o corpo em formação e precisou enfrentar obstáculos. "Passei a afiar a criatividade e a usá-la como instrumento de superação", menciona, aos 57 anos. A estreia dos jovens aconteceu no Rio, na Lapa, diante de Paschoal Carlos Magno.

O espaço teatral, que se esticava para a vida política e pessoal, influenciou de muitas maneiras os dois mineiros. Foi ali, entre textos reprimidos e mensagens nas entrelinhas, que eles tomaram para si um olhar questionador. De acordo com Arcuri, o Divulgação funcionou como um local de resistência e protesto, tendo sido escola para muitas personalidades, como Leda Nagle e Lucy Brandão. O ator destaca que Ribeiro sempre soube escolher a dramaturgia certa. "Estávamos no auge da ditadura e tínhamos censores nos ensaios. Exatamente por isso sabíamos ir além", analisa, lamentando apenas não ter montado "Marat/Sade", de Peter Weiss, retalhada pela censura.

Terra ressalta a força que o grupo transmitia para cada integrante, muitos deles, estudantes que moravam longe dos pais. "Lembro-me dos saraus na casa do Zé Eduardo, o único que tinha TV colorida." O diretor observa ainda que, apesar da saudade da família, valia a pena passar os feriados em produção, sem sair do teatro. Para ele, o prazer da estreia compensava qualquer renúncia. "Naquele período, a arte era feita com mais alegria. Nossa sensação era de celebração", diz, acrescentando que se emociona ao sentir o cheiro do Forum da Cultura.



Caminho bifurcado

Arcuri instigou o interesse de Terra pela comunicação, presenteando o amigo com um livro sobre o assunto. Os dois cursaram jornalismo, mas partiram por estradas diferentes. Depois de 12 anos no Divulgação, Arcuri transferiu-se para o Rio. "Tinha esse sonho, mas não me joguei por inteiro. Preferi voltar." Em paralelo, Terra decidiu colher os frutos e capitanear produções profissionais, confiante no mercado local. Acabou montando "Apareceu a Margarida", de Roberto Athayde, no seu repertório até hoje. Recheados por leituras e experiências dos longos processos criativos de José Luiz Ribeiro, os artistas se arriscaram em experimentações numa cidade considerada careta. Arcuri esteve, entre outras, em "Bella ciao", de Luís Alberto de Abreu, e "Pela noite", de Caio Fernando Abreu.

Na década de 1990, segundo Terra, o teatro local borbulhava. Certa vez, ele contou dez peças em cartaz, todas lotadas. Depois veio a internet, e o cenário se transformou. "Atualmente, cada pessoa faz seu próprio espetáculo", compara o diretor, salientando que o esvaziamento de reflexões chegou às artes cênicas. Arcuri concorda, asseverando que o público contemporâneo, de modo geral, parece querer ver apenas o que já conhece. Não à toa, Robson desbravou novo território: o teatro infantil, sem depender de patrocínio. Visitando escolas da periferia, ele chega a fazer 150 espetáculos por ano. Da cartola, pode tirar dez produções prontas. "Quem me ensinou isso foi a Malu (Ribeiro)." Às vezes, o diretor reclama de tanto trabalho. O companheiro de ofício brinca: "mas você quis isso a vida toda".

Curiosamente, a dupla não voltou a entremear as carreiras, apesar de algumas tentativas. Na história, ficou bastante marcado o encontro em "O beijo no asfalto" (Nelson Rodrigues), ainda no Divulgação, peça na qual eram antagonistas. Os atores, porém, produziram muito separadamente. Hoje, José Eduardo Arcuri resolveu fazer uma pausa, mas continua alimentando ideias que deseja ver prontas. Sempre que podem, os dois assumem a cadeira de espectador. Embora citem montagens interessantes, atestam que o cardápio teatral poderia ser mais farto por aqui.

Mesmo depois de 40 anos, o "friozinho" na barriga aparece na beirada da cena. Para um ator - dizem os comparsas -, o desafio é diário. Mas de reviravoltas os dois entendem bem. "Sempre fomos muito atrevidos", garante Arcuri. Tanto que, nos alçapões das memórias teatrais, a dupla guarda variada coleção de feijão e sonho.

Robson Terra e José Eduardo Arcuri

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"De médico e louco todo mundo tem um pouco".


Overdose de criatividade e alegria no evento do segundo período de Enfermagem da UNIVERSO - Universidade Salgado de Oliveira - Juiz de Fora, "De médico e louco todo mundo tem um pouco".

A história do personagem do galo. Um menino na Europa teve a glande de seu penis bicada e arrancada por um galo. Começou a enforcar todas as galinhas que via...Na juventude percebeu o mal que o galo lhe tinha feito...agarrou-se a um e nunca mais largou...Viveu internado em hospício até morrer com o galo...essa foi minha inspiração! Obrigado meus queridos!
.

domingo, 30 de outubro de 2011

Fotonovela i Fotoromanzi


Piero Leri e Michela Roc

O sofrimento dos personagens da literatura, em forma esquemática e dramática nas
expressões excessivas dos close-ups, que, para PANOFSK, p. 321, “ao nos mostrar, o rostos do que fala ou dos que ouvem, ou ambos alternadamente, a câmara transforma a fisionomia humana num imenso campo de ação onde – conforme as qualificações dos intérpretes – cada movimento sutil das feições, quase imperceptível a uma distância natural se transforma num acontecimento expessivo no espaço visível...”, estimulavam o envolvimentos nos angústias dos mesmos atores que se
travestiam de novas personas num desfile infinito de perucas, cenários, maquiagens, locações exóticas que eram puro encantamento.

Porém, segundo HABERT, p. 135, a exposição clara e redudante, as transformações dos acontecimentos em formas A-históricas tornam o personagem e o público na
recepção, um ser perdido num vasto mundo, rigorosamente ordenado e com uma única saída: a realização do amor. As soluções são sempre sentimentos.

Por isso a fotonovela nos parece um fenômeno de comunicação de massa
dos mais típicos. Envolve o indivíduo com o apelo dos sentimentos básicos
e fornece-lhe, ao mesmo tempo, um mundo equilibrado e sem conflito. As
buscas de identificação dos leitores, às vezes acrescentada de elementos
eróticos e de violência, mas controlados de maneira a mais racional e
apresentado para consumo sob forma de um ritual. (HABERT, p. 136)

As revistas de fotonovelas apresentavam uma mistura de elementos como amor,
beleza, casamento, sexo e lazer em matérias sobre a forma de imaginário, de conselhos úteis ou de informação. Dos anos 1960, da descoberta do alfabeto pelo autor, da leitura enebriante dos fotoromances, das sensações da juventude e dos primeiros contatos com o universo da comunicação, como ciência, as revistas sentimentais desapareceram das bancas brasileiras ao final dos anos 1970, pois na concorrência com a programação televisiva a sociedade optou por produto brasileiro, de sedução, mais uma vez inspirado no cinema e nos folhetins, que reune imagem e movimento: a telenovela, produto de exportação da indústria cultural brasileira.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Miss Universo 2011 - Universidade Salgado de Oliveira - Juiz de Fora


Prof. Robson Terra, Miss Universo Adriana Lima e Giselle Mualer, gestora do curso de Estética da Universo- Juiz de Fora

Miss Universo 2011 - Universidade Salgado de Oliveira - Juiz de Fora


Prof. Robson Terra, Monice Carvalho, Adrina Lima e Libni Costa

Miss Universo 2011 - Universidade Salgado de Oliveira



Prof. Robson Terra, a Miss Universo, Adriana Lima e a gestora do curso de Estética Giselle Mauler

Miss Universo 2011 - Universidade Salgado de Oliveira


Adriana Lima, do 3º período de Estética, foi eleita a Miss UNIVERSO/Juiz de Fora 2011. Ela ainda foi aclamada a mais bela concorrente da noite pelo voto popular. O concurso aconteceu na noite da última quinta-feira encerrando o I Simpósio de Estética. O segundo lugar ficou com a aluna Monice de Oliveira e Líbni Tosta conquistou o terceiro lugar. Nathália Lacerda foi eleita a Miss Simpatia.

O evento mobilizou todos os cursos. Quando o apresentador e produtor do espetáculo Robson Terra deu início ao concurso, os alunos encheram os corredores acompanhando de perto o desfile das concorrentes. O júri foi formado pela colunista do jornal TER Notícias, Rose Almeida, pelo radialista da Rádio Solar, Maurício Oliveira, pelo colunista do site acessa.com, Jorge Júnior, pela assistente de comunicação da UNIVERSO/Juiz de Fora, Fernanda Mello, aluno de Jornalismo, Vinícius Ribeiro, e a cineasta Ruyara Pianta, prof. Paulo Morse, que deu nome ao troféu.

A ideia de eleger a Miss UNIVERSO nasceu da turma do oitavo período de Comunicação Social, representada no júri por Vinícius Ribeiro. Mas o projeto foi desenvolvido pela turma do 4º período de Estética N1 como verificação de trabalho da disciplina “Eventos, cerimoniais e etiqueta”. As alunas cuidaram da pré-produção, produção e desprodução do evento. O resultado foi um sucesso. “Além do aspecto didático, o grande mérito foi das 45 alunas dessa turma, que se dividiram para cumprir a tarefa”, avalia o professor Robson Terra, comemorando a repercussão do trabalho junto à comunidade acadêmica. E para a próxima edição, o objetivo é ter uma representante de cada curso.

domingo, 23 de outubro de 2011

Fotonovela: melodrama de papel


Franco Andrei e Gabriela Desi Farinon

Do cinema para a fotonovela o leitor/espectador contruía um mundo do qual ele
participava e com o qual se identificava, o da diegese.Do prolongamento das sensações do vivido nas histórias, além da porteira o sítio que poderia ser aberta a qualquer momento para dar caminho aos atores/personagens dos fotoromances.

No cotidiano de livros ausentes, as revistas que representavam a ponte com o futuro e progresso a chamada multiplicação pura e simples promoveu o contato com os clássicos da litertura mundial adaptados em fotonovelas. Porém, “mais que simplesmente traduzido da linguagem do romance para a linguagem do filme, ele é adaptado para o grande público, isto é, “vulgarizado”, conforme MORIN, p. 45. Clássicos como “Os Irmãos Karamazov” de Dostoiesvski, “Manon Lescout” de A. Prevost, “O Conde Monte Cristo” , “Romeu e Julieta” de Willian Shakespeare, “Os miseráveis” de Victor Hugo. Consideradas como pretensões literárias as fotonovelas influenciaram os imaginários europeu e latino com as adaptações ou simplificações como classifica Morin:

"Os processos elementares de vulgarização são: simplificação, modernização
maniqueização, atualização(...)Esquematização de intriga, redução do número
de personagens, redução dos caracteresa uma psicologia clara, eliminação do
que poderia ser dificilmente inteligível para a massa dos espectadores(para o
“spectador médio ideal”. (MORIN, p.45)

As análises célebres de Edgar Morin são perfeitamente esclarecedoras e justas: a cultura de massa, desde os anos 1920 e 1930, funcionou como agente de aceleração do declínio dos valores tradicionalistas e rigoristas, desagregou as formas de comportamentos herdadas do passado propondo novos ideais, novos estilos de vida fundados na realização íntima.

sábado, 22 de outubro de 2011

Fotonovela: melodrama de papel


No interior a fotonovela criava um imaginário de consumo fácil e de caráter evasivo, onde predominavam os aspectos mágicos. Além da hipnose, HABERT alerta que “a fotonovela e as revistas têm a função de transmitir padrões urbanos e integrar seus leitores no novo mundo, no mundo do consumo. Elas recriam um imaginário urbano, sem necessariamente criar um próprio”. Era o que o menimo precisava para voar do mundo excessivamente cômodo da infância para as perspectivas de vida além das montanhas, da grota onde visitava a família paterna.

O ambiente melancólico, solitário e sombrio da zona rural ampliava a sensação de estar só no mundo, vasto mundo que as fotonovelas traziam em referência de vida social e emotiva além das montanhas da grota, onde estava localizado o “Sítio dos Pintos”. Existia um mundo além do horizonte habitado por artistas, como Michela Roc, Jean Mary Carletto, Rossela D'Aquino, Maria Giovannini, Germano Longo, Olga Solibelli, Sandro Moretti, Milena Vanni e Luciano Francioli, Franco Angeli, Franco Dani, Roberto Mura, Solvi Stubing, Evi Farinelli e Gabriela Desi Farinon, atores italianos que a cada semana se revesam nas histórias de amores impossíveis, intrigas conflitos e finais sempre felizes. Para HABERT, p. 153, “o tema maior é o amor. E os aspectos existenciais são diluídos. A insistência no cotidiano,
principalmente através da linguagem fotográfica, desenvolve um mundo semelhante ao que existe, mas artificial”. Através das imagens possíveis estava a certeza daquelas que estariam por vir. Na próxima semana com um novo exemplar. Havia o tempo do presente e do futuro.

Foto: Raimondo Magni e Nadia Marlowa

O universo diegético do cinema foi transferido para o fotoromanzo.



A revista filme, sem movimento, mas de igual intensidade de emoção estimula a diegese no leitor sonhador. A diegese é concebida como o significado longíquo do filme considerado em bloco(o que ele conta e tudo que isso supõe) a instância diegética é o signifcado da narrativa. A diegese é a instância representada no filme,
ou seja, o conjunto da denotação fílmica: a própria narrativa , mas
também o tempo e o espaço ficcionais implicados na e por meio da narrativa, e com isso as personagens, a paisagem, os acontecimentos
e outros elementos narrativos, porquanto sejam considerados em seu
estado denotado.

domingo, 16 de outubro de 2011

Páginas rasgadas do passado: fotonovelas



Ao ler uma revista você procura alguma emoção. Reconhecer algo ou alguém na chamada identificação. A vida inteira os meios de comunicação ajudaram a entender o lugar do homem no existir. Hoje a internet rouba preciosos minutos de convivência familiar e com amigos. McLuhan, cientista da informação, disse que os veículos comunicação promovem profundas modificações sociais e psicológicas. Justifica-se assim a paixão pelo jornal, revistas, rádio, cinema, TV, internet e o mundo perturbado....

Desde menino foi criado num caixote de revistas na casa de vovó. Para Thompson a informação faz a ponte para o futuro constituído pela família e os
estímulos ao jovem romântico e sensibilizado pelos meios de comunicação, de modo especial a história da família pode dar ao indivíduo um forte sentimento de duração muito maior de vida pessoal, que pode ir além de sua própria morte.

Perseguido pelas imagens, anos depois, era preciso promover o encontro do menino e leitor com o pesquisador da comunicação para entender e revelar como a indústria cultural busca nas teorias psicológicas, de comportamento e de sedução, a presa fácil. Não há dúvida alguma que isso deve contribuir para uma reconstrução mais realista do passado, pois como um mendigo da evasão ele vagava pelas ruas da cidadezinha esperando encontrar um caixote mágico cheio de revistas ou na vigília diária, no ponto de ônibus da praça principal da cidadezinha, para investigar quem, ao desembarcar, trazia uma revista nas mãos. Magicamente, para não amassar, elas estavam sempre nas mãos de quem comprou, nunca dentro das bolsas.


Dias depois como um detetive atencioso ele batia na porta da casa do alvo (o comprador) e perguntava: “Não tem alguma revista para emprestar para minha mãe?” Ela não sabia de nada mas como professora era o aval para garantia de devolução e cuidado. As revistas eram socializadas entre os leitores do cotidiano livre e onde tudo estava por fazer. Até as obrigações escolares. As habilidades para o contato advinham da espera de recompensa do prazer em abrir mais um mundo imaginário tornado real através das revistas. A emoção de ler o novo folhetim era como se estivesse no reino da liberdade. De devaneio ou evasão que Lipovestsky cita “entre os sociológos como Larzasfeld ou Berton e mais ainda entre os filósofos como Marcuse ou Debord, a cultura de evasão tornou-se um novo ópio do povo encarregado de fazer esquecer a miséria e a monotonia da vida cotidiana. Em resposta à alienação generalizada, o imaginário industrial atordoante e recreativo”. Ih, sobrou para o rádio, TV. jornal e internet.

A viagem no universo da fantasia sentimental das revistas começa no ritual de estar bem acomodado, deitado ou confortavelmente instalado no quartinho em cama de colchão de palha e embevecer com as capas sedutoras e mágicas, com modelos sorridentes e cenas do cotidiano que o bom Roland Barthes, no texto “Mensagem fotográfica” sentencia: "Às vezes também a palavra pode até contradizer a imagem de maneira a produzir uma conotação compensatória e Gerbner mostrou que em capas de revistas sentimentais a mensagem verbal das manchetes da capa de conteúdo sombrio e angustiante acompanhava sempre a imagem de uma garota sorridente e radiosa; as duas mensagens entram aqui em compromisso, a conotação tem função reguladora, preserva o jogo irracional da projeção-identificação.

Hoje ele coleciona revistas de fotonovelas e outras como um guardião da memória. Posta fragmentos de memórias para amigos da internet no Brasil e nos quatro cantos do mundo. Sua casa é o mesmo caixote de ilusões...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Rosanna Galli e Dario Michaelis

Sergfio Raimondi e Milena Vanni

Michela Roc e Franco Dani

Luciano marin e Mimma di Terlizzi

Lena Von Martens

Andrea Giordana

Fotonovela i Fotoromanzi

A articulação narrativa da fotonovela é semelhante à da banda desenhada: um
fotograma que apresenta um plano da acção acompanhado do texto verbal que
reproduz o discurso das personagens, funcionando também como legenda ou resumo.
O encadeamento da acção é lógico e cronológico, utilizando-se muitas vezes o recurso
à elipse. A acção é, muitas das vezes, arrastada ao longo de vários números de uma
revista o que aproxima a fotonovela do romance-folhetim do séc. XIX e do folhetim
radiofônico. O narrador desempenha um papel importante na fotonovela uma vez que,
para além de elucidar o leitor sobre a acção, enuncia também juízos de valor, ilações de teor moral, justificações sobre o comportamento das personagens e controla a acção,retardando-a e alongando-a. A linguagem utilizada nas fotonovelas é, normalmente redundante e expositiva para evitar a possibilidade de dúvidas ou conflito.Relativamente à fotografia nem sempre as fotonovelas possuem grande qualidade uma vez que a preocupação do consumo rápido e imediato das revistas e a preocupação do lucro fácil sobrepõem-se a uma maior noção artística. Os planos e os enquadramentos utilizados nas fotografias são quase sempre retirados do cinema.
(http://www.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/F/fotonovela.htm)

Rossanna Rossanigo

Fotoromanzi: Paola Pitti e Franco Dani


Acervo Johan Mele (Noruega)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Fotonovela espanhola: Violetas Imperiais

Solidão, 1956

Jean Mary Carletto e Gabriela Desi Farinon

Rosanna Galli

Adriana Rame e Rick Helmut

Ursula Andrews em Capricho, 200,1968

Capricho, anos 50

Maria Teresa Orsini

Rosalba Grotesi

Rosalba Grotesi

Michela Roc e Pierre Clemente

Três contra o Destino: Jean Mary Carletto, Rossella D'Aquino e Lamberto Antinori

Fotonovela: amor Selvagem, com Gaia Germani

Paolo Carlini e Lyla Rocco