sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Fotonovela: melodrama de papel


Páginas rasgadas do passado
Ao ler esta revista você procura alguma emoção. Reconhecer algo ou alguém na chamada identificação. A vida inteira os meios de comunicação ajudaram a entender o lugar do homem no existir. Hoje a internet rouba preciosos minutos de convivência familiar e com amigos. McLuhan, cientista da informação, disse que os veículos comunicação promovem profundas modificações sociais e psicológicas. Justifica-se assim a paixão pelo jornal, revistas, rádio, cinema, TV, internet e o mundo perturbado....

Desde menino foi criado num caixote de revistas na casa de vovó. Para Thompson a informação faz a ponte para o futuro constituído pela família e os
estímulos ao jovem romântico e sensibilizado pelos meios de comunicação, de modo especial a história da família pode dar ao indivíduo um forte sentimento de duração muito maior de vida pessoal, que pode ir além de sua própria morte.

Perseguido pelas imagens, anos depois, era preciso promover o encontro do menino e leitor com o pesquisador da comunicação para entender e revelar como a indústria cultural busca nas teorias psicológicas, de comportamento e de sedução, a presa fácil. Não há dúvida alguma que isso deve contribuir para uma reconstrução mais realista do passado, pois como um mendigo da evasão ele vagava pelas ruas da cidadezinha esperando encontrar um caixote mágico cheio de revistas ou na vigília diária, no ponto de ônibus da praça principal da cidadezinha, para investigar quem, ao desembarcar, trazia uma revista nas mãos. Magicamente, para não amassar, elas estavam sempre nas mãos de quem comprou, nunca dentro das bolsas. Dias depois como um detetive atencioso ele batia na porta da casa do alvo (o comprador) e perguntava: “Não tem alguma revista para emprestar para minha mãe?” Ela não sabia de nada mas como professora era o aval para garantia de devolução e cuidado...


As revistas eram socializadas entre os leitores do cotidiano livre e onde tudo estava por fazer. Até as obrigações escolares. As habilidades para o contato advinham da espera de recompensa do prazer em abrir mais um mundo imaginário tornado real através das revistas. A emoção de ler o novo folhetim era como se estivesse no reino da liberdade. De devaneio ou evasão que Lipovestsky cita “entre os sociológos como Larzasfeld ou Berton e mais ainda entre os filósofos como Marcuse ou Debord, a cultura de evasão tornou-se um novo ópio do povo encarregado de fazer esquecer a miséria e a monotonia da vida cotidiana. Em resposta à alienação generalizada, o imaginário industrial atordoante e recreativo”. Ih, sobrou para o rádio, TV. jornal e internet.

A viagem no universo da fantasia sentimental das revistas começa no ritual de estar bem acomodado, deitado ou confortavelmente instalado no
quartinho em cama de colchão de palha e embevecer com as capas sedutoras e mágicas, com modelos sorridentes e cenas do cotidiano que o bom Roland Barthes, no texto “Mensagem fotográfica” sentencia: "Às vezes também a palavra pode até contradizer a imagem de maneira a produzir uma conotação compensatória e Gerbner mostrou que em capas de revistas sentimentais a mensagem verbal das manchetes da capa de conteúdo sombrio e angustiante acompanhava sempre a imagem de uma garota sorridente e radiosa; as duas mensagens entram aqui em compromisso, a conotação tem função reguladora, preserva o jogo irracional da projeção-identificação.

Hoje ele coleciona revistas de fotonovelas e outras como um guardião da memória. Posta fragmentos de memórias para amigos da internet no Brasil e nos quatro cantos do mundo. Sua casa é o mesmo caixote de ilusões...

Personagem
Rosário Trentini é o romântico parado no tempo e espaço. Vive como o galã de papel sentimental, terno e fraco. Tímido em essência transporta-se em sedução imaginária para universo mítico dos anos 1960. Aguarda um final de reencontros e viver feliz para sempre!

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