terça-feira, 20 de abril de 2010

Dengue: a listra do diabo



Robson Terra na peça de teatro "A história de Dedé Dengoso"


A manchete da Tribuna de Minas, de terça-feira, 20 de abril de 2010, é a crônica de tragédia anunciada: “Estado prevê até dez mil casos de dengue em Juiz de Fora”. A epidemia da doença febril infecciosa, na cidade, é inevitável pela falta de cuidado e educação na eliminação de focos para a proliferação do mosquito. Desde quintais aos logradouros públicos.

A informação e prevenção à proliferação do mosquito da Aedes aegypti tem sido o foco da peça teatral Guerra ao mosquito da dengue, desde 2000, no Projeto Teatro vai à Escola. Temos pesquisado a literatura sobre o tema, participado de eventos e campanhas e as previsões de aumentos de casos da doença na cidade e região são assustadoras.

Vivemos o medo nosso de cada dia do inimigo silencioso, quase invisível, frágil e com listras em preto e branco. No livro O pano do diabo de Michel Pastoureau “listras demais acabam enlouquecendo. O listrado é efervescente demais, ilumina e escure a vista, perturba o espírito, confunde o sentido”. Metaforicamente é o que acontece com os doentes e com a rede hospitalar que não está preparada para caos anunciado. Como hospitalizar tanta gente nos próximos meses?
A dengue hemorrágica é a forma mais grave da doença. Pode levar ao óbito. Além dos sangramentos a baixa pressão arterial (choque) é o grande perigo. Procure ver uma foto de paciente com dengue hemorrágica: é a visão do apocalipse! É traumatizante. E o pior: é real!

Segundo o livro Dengue: hoje...e amanhã de Eliana Mariz Câmara “o mesmo vetor da dengue é da febre amarela.” Assim se o Aedes pica algum doente de febre amarela passa a transmitir essa doença. Há também o pernilongo Aedes albopictus, uma outra espécie, que vive nos bosques e florestas sendo o responsável pela manutenção da infecção entre os macacos.

Com o engajamento efetivo da população e poder público na eliminação dos focos a incidencia de casos pode diminuir ou vamos enfrentar a tsunami de doentes na cidade. Os bairros vizinhos aos cemitérios e perto das florestas tropicais são mais atingidos. Com todo respeitos aos sentimentos pelos mortos, os vasos com flores de plásticos e água parada e limpa precisam ser eliminados em mutirão. Os muros com cacos de vidro não deixam o ladrão entrar, mas o mosquito dengoso entra. O pior ainda não passou. Está apenas começando...

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