sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Nathália Timberg, Amilton Fernandes e Theresa Amayo
"A Rainha Louca", TV Globo, 1967
Depoimento de Theresa Amayo ao pesquisador e ator Cláudio Caparica:
É uma lástima que as outras estações onde trabalhamos ( TV Tupi, TV Rio, TV Continental, TV Manchete etc; ) tenham acabado. Fizemos tanta coisa linda naqueles velhos e adaptados estúdios de TV! E heroicamente na maior parte das vezes porque ao vivo, num veículo cujas possibilidades ainda desconhecíamos. Foi levando nossa experiência teatral e/ou radiofônica logo adaptada à nova forma de comunicação sem a presença do público, que nós reinventamos na teledramaturgia.
Foi na TV Tupi Canal 6, na TV Rio Canal 13, na TV Continental Canal 9 (no meu caso), na TV Excelsior Canal 2 que a maioria dos atores - - hoje cronologicamente não tão jovens-, moldaram e produziram com seu esforço e dedicação, os alicerces da grande rede televisiva brasileira. Todos os atores, atrizes, diretores, novelistas e técnicos - hoje em dia não mais tão jovens - , eclodiram para esse novo universo de mil possibilidades, portando o diploma de... de uma escola chamada TV Tupi ( do Rio e de S`Paulo). E porque a TV foi gestada com muito amor, cresceu linda e transformou-se na midia que é hoje em dia.
Obrigada pelo carinho de todos vocês.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Síndrome de Albertinho Limonta e “neotelevisão”
Guy Loup, Amilton Fernandes e Nathália Timberg
"Tudo esquecido, desaparecidas as desavenças, a família unida: um aperto de mãos, que é ao mesmo tempo perdão e um abraço filial em quem tanto sofre"
A novela da TV é para emocionar e vender sabão em pó. Desde os folhetins dos jornais que narravam as aventuras de Rocambole, que a vovó leu e contava aos netos, às novelas da Rádio Nacional, “soap opera”, que fizeram história no entretenimento dos anos 40 aos 70, a trajetória dos heróis tece labirintos de sonhos, contos de fada, filmes, medos, procuras, descobertas, mistérios, amores proibidos e adaptações da mitologia ao estilo brasileiro.
Com técnica de exportação a novela brasileira é reconhecida e consumida no mundo inteiro. Competência de criação, conteúdo e forma fisgaram, por muitos anos, o telespectador nativo crítico que, agora, não se satisfaz com qualquer trama das seis, das sete e das oito. O desespero de autores, que pouco se renovam, em busca de pontos preciosos no Ibope promove o choque entre o mundo algorítmico, das coisas práticas, ligado a audiência e faturamento, com o universo da heurística, do mundo da fantasia.
Filhos perdidos na audiência
O mito telenovela sofre saturação da fórmula, como aconteceu na novela do rádio. O mito ainda sobrevive, conforme Joseph Campbell, “da metáfora de um mistério além da compreensão humana”. Assim, no enfrentamento da falta da ausência de fronteiras da CMC (Comunicação Mediada por Computador) autores recorrem ao plot do “filho bastardo”, abandonado pela família ao nascer. As três novelas, no ar, na Rede Globo, o mito Albertinho Limonta sobrevive como maldição: filhos procurando pais e mães...A síndrome dramática do gênero: novelistas procurando filhos perdidos na audiência.
Parando o Brasil
Informando aos leitores mais novos, Albertinho Limonta é o personagem da novela “O Direito de Nascer” de Félix Caignet, que assolou o Brasil no rádio na década de 50 e foi reproduzida na TV Tupi, duas vezes. Parou a nação, nos anos 1960, com a história do bebê rejeitado, interpretado por Amilton Fernandes. Criado por uma negra, Mamãe Dolores, mais tarde encontra a mãe verdadeira, freira, num convento e se apaixona, sem saber, pela prima. O avô maldoso sofre um AVC e não pode revelar a todos que Albertinho é seu neto...
O último capítulo foi representado no Maracanãzinho, lotado, no Rio de Janeiro e milhares de aparelhos ligados de norte a sul do Brasil. Curiosidade: “o serviço de controle do Departamento de Águas e Esgoto da Guanabara registrou que a população de Copacabana , durante o horário da telenovela, utiliza muito menos torneiras, chuveiros, cozinhas e até mesmo sanitários” (Fatos e Fotos, n° 237, 1965)
Só três histórias
“Existem apenas duas ou três histórias humanas, e elas vão-se repetindo sem parar, teimosas, como se nunca tivessem acontecido antes” é o suporte codificado por Willa Cather, em “The Pioneers”, que pode ser percebido na carpintaria dos autores de enredos repetitivos. Se o telespectador jovem, antes refém inocente de Xuxa, vai assistir outra vez à mesma história na telinha é melhor navegar na web e construir o modelo de identidade pessoal das comunidades, blogs e sites numa oferta cujo limite é o infinito. A independência da TV que gera a dependência da CMC.
Também o surrado “quem matou?” busca garantir migalhas de audiência. O autor cubano dos anos 60 na TV , Caignet, trouxe o mito como coisa nova e garantiu emoções. O diferencial da criatividade não pontua hoje a dramaturgia televisiva, não traz o inesperado, nem o envolvimento psicológico dos telespectadores. A herança da audiência não passou de pai para filho. Os historiadores listam o momento da “neotelevisão” como o do “reality show”, tipo BBB, “talk show” e clipes da família no Fantástico que a novela não ainda não consegue realizar. A minha novela seria interativa, com as lágrimas de Mamãe Dolores e sem o filho bastardo ou “quem matou?”
Revista da Rádio Nacional: raridade
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Theresa Amayo
Com Carlos Alberto em "O Rei dos Ciganos"
***
Theresa Amayo é atriz de teatro, cinema e TV. É das grandes estrelas da Rede Globo, anos 1960. Atuou em várias novelas de sucesso como A Rainha Louca, Passo dos Ventos e A Última Valsa .Interpretou novelas na TV Tupi e SBT. Atuou em várias peças de teatro no eixo Rio-São Paulo e em muitos filmes brasileiros.
sábado, 22 de novembro de 2008
Estrelas de sucesso em 1967
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Estrelas de sempre
Bruxaria no olhar da câmera
A cena protagonizada por Jéssica Yellin, nos estúdios da CNN, quando surgiu ao vivo, em 3D, na conversa com o apresentador Wolf Blitzer continua provocando encantamento. A tecnologia fazendo o humano virar anjo que anuncia “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”. Não seria a repórter o anjo que traz a boa nova, em forma irreal, de outra dimensão, anunciando que é a hora dos homens terem boa vontade por aqui?
O texto busca o tecido das citações de Lee Manovich, The language of new media, livro inédito no Brasil, que revela a magia da construção de novos conteúdos na telinha, o ecrã. Segundo o autor a arte eletrônica é baseada no princípio da modificação do sinal existente. O artista vira técnico e já não é só romântico. E a sociedade pós-moderna promove o artificialismo onde tudo é montado, composto e estruturado, como o CPF que reúne algarismos para identificar o cidadão.
Composição digital
Para produzir efeitos mágicos com efeitos de naturalidade usa-se o compositing digital que é a reunião de elementos diferentes para produzir a simulação próxima do real. Na trilogia o filme “Parque dos Dinossauros” a reunião de gramas, árvores, atores e répteis é sopa mágica, de ingredientes eletrônicos, que dá resultado final saboroso do cenário virtual imaginado pelo diretor. O mundo de sonhos (ou pesadelos) onde os dinossauros se integram naturalmente à paisagem. Depois deles vários filmes adotaram a técnica. A TV usa e abusa dos efeitos na produção.
Os estúdios de cinema de Hollywood, ou as cidades cenográficas das novelas brasileiras, geram o espaço falsificado onde o artificial é escondido para criar significados emocionais entre elementos diferentes sem revelar emendas, criando uma única forma. Também os jogos do computador e os cenários dos telejornais apresentam o mundo da falsificação. Assim como a montagem na publicidade, nos documentários e textos de computador.Manovich cita o DJ ,que mostra a seleção de elementos pré-existentes, cria formulários artísticos novos, na habilidade de juntar os sons selecionados em maneiras ricas e sofisticadas.
Vida de fachada
No Projac, da Globo ou o Recnov, da Record, as cidades cenográficas podem ser comparados com as vilas de Potemkin que o autor descreve no livro: “De acordo com o mito histórico, no fim do décimo oitavo século, a czarina Catharina II, da Rússia, resolveu fazer um passeio pelo país para observar como os camponeses vivam. O primeiro ministro e amante de Catharina, Grigori Potemkin, mandou construir vilas artificiais, de papelão, ao longo da caminho da rainha. Cada vila se constituía de fachadas de casas bonitas e atores que acenavam para a rainha. Sem deixar a carruagem Catharina retornou convencida de que todos os camponeses viviam na felicidade e prosperidade”.
A representação do conteúdo é a perspectiva do futuro. Desde que a expressão “tele” codificou o presente ausente, as relações em comunicação se alteram. É a comunicação real-time do telégrafo, telefone, telex, televisão, telescópio e a telepresença que o autor classifica como teleação.
Longe perto
Telepresença é antipresença. Como no bate papo virtual, na webcam ou nesse artigo publicado na Internet que você lê não se sabe de onde (muito obrigado pelo prestígio!). E o Google Earth? “Com o Google Earth, você poderá voar para qualquer local da Terra para ver imagens de satélite, mapas, terrenos, edifícios em 3D e até explorar galáxias no Céu. Poderá explorar conteúdo geográfico complexo, guardar os locais visitados e partilhá-los com outros utilizadores.”
Se o humano não tem que estar fisicamente presente para a afetar a realidade. cria a ilusão contra a ação. E já fazía isso antes lendo as linhas da vida categorizadas nas mãos, os mapas, o olho mágico, o buraco da fechadura, as plantas de imóveis, os modernos simuladores de vôos, o circuito interno de TV e câmeras de vigilância. Até interpretando os olhos da mulher amada.
Complexo? Não. Formidável! E Paul Virilio revela que, agora, com a câmera, cada ponto da Terra nos é acessível, pois o sistema ótico do homem limita a nossa visão além do horizonte, fazendo da terra uma grande prisão. Podemos voar...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Amilton Fernandes: homenagem
domingo, 16 de novembro de 2008
O Sheik de Agadir: Amilton Fernandes, Yoná Magalhães e Henrique Martins
O Sheik de Agadir foi uma telenovela de Glória Magadan exibida na Rede Globo de 18 de julho de 1966 a 17 de fevereiro de 1967 às 21h30. Com direção de Henrique Martins e Régis Cardoso. Teve 155 capítulos e foi baseada no romance Taras Bulba, de Nicolai Gogol.
Elenco
Henrique Martins - Sheik Omar Ben Nazir
Yoná Magalhães - Janette Legrand
Amilton Fernandes - Maurice Dumont
Leila Diniz - Madelon
Mário Lago - Otto Von Lucken
Márcia de Windsor - Frieda
Emiliano Queiroz - Hans Stauber
Marieta Severo - Eden de Bassora
Yara Lins- Valentina
Cláudio Marzo - Marcel
Sílvio Rocha - Ahmed
Luiz Orioni - Legrand
Vanda Marchetti - Julieta
Paulo Gonçalves - Luciano
Angelito Mello - Ibrahim
Sebastião Vasconcelos
Waldir Santana
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Telepresença: o templo da imagem
Quando os irmãos Lumière projetaram a imagem em movimento no Salão do Índio, subsolo do Gran Café, em Paris, em 28 de dezembro de 1895, com a primeira sessão pública do invento chamado “cinematógrafo”, com o trem chegando à estação, alguém da platéia correu apavorado, fugindo da sala, com a projeção do trem sobre ela. O mito da caverna de Platão, escrito há uns 400 anos antes de Cristo, no livro 7 de seu tratado sobre “A República”, comparava o mundo a uma vasta sala escura, onde os homens assistem, imobilizados a uma constante de espetáculos de sombras. A sombras chinesas encantaram a França.
As sombras do Gato Preto, silhuetas humanas, recortadas em zinco, passeando por trás de uma tela branca de um metro de largura transmitiam todas as emoções dos enredos. E as imagens feitas com a mão projetadas na parede, nos dias de chuva? Encantamento puro. Depois da base o realista do cinema com os filmes “feitos ao sol” de Lumière, o mago George Méliès construiu o primeiro estúdio e criou o ilusionismo na tela, a base fantástica do cinema. Méliès é rei dos efeitos especiais que influenciaram diretores e encantam platéias até hoje.
Tecnologia e traquitandas
Já em 1934, Paul Valéry profetizou: “o espantoso crescimento de nossos instrumentos, e flexibilidade e a precisão que eles atingiram, as idéias e os hábitos que introduziram, nos asseguram modificações próximas e muito profundas da antiga indústria do Belo”.
Na infância existiram fotografias que, sob a pressão dos dedos, forneciam a imagem de uma luta de boxe, ou de uma partida de tênis. O velho monóculo, nos anos 1960, que colocado nos olhos dava à foto a dimensão do cinema na caixinha de plástico colorido. Ou o caleidoscópio que cria labirintos de pedras, luz e cor. Até a chama do isqueiro promove encantamento assim como a luz do vaga-lume na noite escura.
Na TV, a magia da transmissão “ao vivo” seduz gerações. Antes da chegada do videoteipe tudo era transmitido em tempo real, gerando o que Jost chama de “modelo de promessa”. A transmissão da chegada do homem à lua, em 1969, deu à TV brasileira um referencial de divino, pois “estar na lua é estar perto de Deus”. O homem chegou lá. As imagens coloridas, em 1972, na telinha da TV, alucinaram o Brasil. A tecnologia transforma o mundo para o bem e para o mal...
Telepresença
Na eleição de Obama, figura emblemática constituída por simbolismos diversos, a cobertura da votação provocou novo impacto como o pião mágico multicor girando destinado “a verificar o tempo em que as imagens persistem no fundo do olho”. Antes de continuar a leitura veja o filme:
***
http://edition.cnn.com/video/#/video/politics/2008/11/04/blitzer.yellin.hologram.obama.cnn?iref=videosearch
***
Chocante! A repórter Jessica Yellin, a 1.150 quilômetros de distância, em Chicago, surge como um milagre televisivo em 3D na cobertura da celebração da vitória de Obama. Segundo Veja, “a técnica empregada pela CNN foi a telepresença 3D. No parque de Chicago, 35 câmeras de alta definição, filmavam Jéssica sobre um fundo verde, captando seu corpo sob todos os ângulos. As imagens eram enviadas a vinte computadores, que as juntavam e reconstruíam a figura de Jéssica à perfeição... Jessica foi incrustada num cenário, como se faz com as apresentadoras da previsão do tempo, só que por meio de uma imagem virtual eletrônica”.
Como truque de mágica a cena entra para a história da TV mundial. O futuro volta ao passado na percepção da imagem que entorpece de ilusão, consentida e consciente, Conforme Aumont “a ilusão foi valorizada, de acordo com as épocas, como objetivo desejável da representação, ou ao contrário criticada como mau objetivo, enganoso e inútil”.
“O que será o amanhã?”
Desde a Grécia com o quadro pintado por Zêuxis com uvas tão bem imitadas que os pássaros vinham bicá-las, às aparições “milagrosas” dos santos para os puros, às miragens do deserto, a ilusão teatral de grande apelo sensorial, os fantasmas, os sonhos constantes e indecifráveis, os truques das imagens trazem Kant que designava assim: “o sentimento de um prazer e ou de um desprazer” que atende à necessidade de vivenciar emoções fortes como medo, surpresa, novidade, bem-estar de corpo e mente. Esse envolvimento explica e traz para o fato real, a cobertura da vitória do mítico Obama, recursos do mundo ficcional fantástico do cinema, em efeitos divinos, para apresentar a realidade que o jornalismo da TV precisa transmitir em tempo real. Mesmo com todos aqueles truques. Evoé!
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Obama e o negro na TV
Estilo black face: Sérgio Cardoso, de cara pintada, com a atriz negra Ruth de Souza
A vitória de Barack Obama traz a felicidade da batalha vencida contra os absurdos da experiência humana. Os EUA vão ter que conviver eternamente com a sonoridade do nome do presidente eleito que remete a Osama, o Bin Ladem, o satânico algoz daquela nação. O fato histórico remete à reflexão ao papel do negro na sociedade, na perspectiva de nova ordem mundial e por analogia, aqui, ao aproveitamento dos atores negros na TV brasileira.
Desde as primeiras imagens de atores brancos interpretando negros com pesado make-up a Sérgio Cardoso vivendo com soberba competência um negro na novela A Cabana de Pai Tomás, baseada no romance H.B. Stowe, adaptada por Edy Maia, produzida em 1969, pela TV Globo, que não alcançou o sucesso esperado, a presença da negritude espelhada por brancos causou estranheza no público e na classe artística.
Nega maluca
Na caricatura musical assistiu-se atores brancos rebocados de preto cantando Boneca de pixe, ou o clássico Nega do cabelo duro ou saudando o carnaval com O teu cabelo não nega ou Mulata assanhada. O espaço para os afro-descendentes na TV limita-se à cozinha, prostíbulo ou senzala. Poucos se destacam no futebol e outros enchem a telinha de luz, magia e cores no carnaval. Enriquecem as emoções de cenas de assaltos, crimes hediondos ou com a favelização contemporânea da programação. Sim, a grande audiência da programação da TV aberta está concentrada na periferia das grandes cidades por isso a favela e o negro viram personagens do horário nobre.
História e preconceito
Aqui como lá, a diferença social traz o preconceito revelado com anos de escravatura. O primeiro anúncio da propaganda brasileira descreve um feitor procurando “um negro fugidio, de bunda grande”. Outros eram identificados por furos, cortes e cicatrizes no rosto o que caracterizou essa irracionalidade do mundo. Nos jornais de 1850 aparece “vende-se uma preta cozinheira de forno e fogão, boa lavadeira e mascata”. Outras “pretas” eram alugadas para amamentar. Vendiam o néctar da vida que a senhorinha não tinha...
Testemunho da luta
No universo da indústria cultural onde predomina o olho azul e a pele clara, o branco, os atores “cor de chocolate”, colored, “Negrinho do Pastoreio” ou protagonistas do cinema feijoada (iniciativa da associação de diretores e atores negros) são eternamente figurantes, pano de fundo, que pontuam a solidariedade, no estar por trás, para ser verdadeira a vida da cena. Hoje, iluminados como Thaís Araújo e Lázaro Ramos ganham papéis de maior visibilidade. Ruth de Souza, “embaixatriz da dor silenciosa”, um ícone da tela da TV e profunda conhecedora de cinema e o eterno Milton Gonçalves com camaleônica capacidade de renovação de personagens, do escravo ao político corrupto são referências. Zezé Mota, Chica Xavier, Jorge Coutinho, Jacyra Sampaio, Lea Garcia, Neusa Borges talentosos surgem em participações episódicas. E aquele sem números de rostos conhecidos, sem identificação nos créditos, que promovem a verossimilhança nas novelas com ambientação rural, na escravidão ou favela? Ainda estão sem o reconhecimento da empresas produtoras e não garantem lugar no mercado de trabalho. Outros são humilhados nos programas de humor. Sem citar a geração deserdada dos atores desaparecidos.
Mas o que Obama tem a ver com o universo da produção televisiva brasileira? O presidente eleito pela expressiva votação popular traz signos que representam a esperança de igualdade, de se escrever o novo capítulo da novela da vida, que Luther King idealizou para a história progredir: “Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter” Que os atores negros possam sobreviver e semear sonhos num mercado de brancos.
domingo, 2 de novembro de 2008
As aventuras de Carriço
João Carriço nasceu no Morro da Gratidão e, ainda na adolescência, foi para o Rio de Janeiro aprender cenografia e ficou fascinado pelo cinema. Em 1927, inaugurou, em Juiz de Fora, um dos maiores cinemas da América Latina, o Cine Theatro Popular, o Amigo do Povo, com preços populares, atraindo de estudantes a operários.
As lentes de Carriço registraram de tudo. Em 1935, até o então Presidente da República, Getúlio Vargas, foi flagrado em um discurso anunciando a construção de uma represa em Juiz de Fora. Além das câmeras, Carriço tinha outra paixão, o carnaval, que foi documentado em alguns de seus filmes.
João Carriço morreu aos 73 anos, sem dinheiro e lutando para que o Theatro Popular não fechasse suas portas. Por falta de conservação, alguns de seus filmes se deterioraram e parte do acervo foi restaurada, na Cinemateca de São Paulo, mas vários originais acabaram sendo destruídos pelo incêndio que atingiu a Cinemateca, em 1982. Na Funalfa, existem cópias do acervo de Carriço para que as futuras gerações conheçam o talento deste juizforano.
(Texto: Funalfa - Juiz de Fora(MG)
As aventuras de Carriço
João Gonçalves Carriço [1887, Juiz de Fora, MG - 1959], artista. Foi o Pintor “Faísca”. Cinematografista, proprietário do Teatro Moderno em 1910 e do Cinema Popular [1921], um dos pioneiros da cidade. Deixou preciosos filmes sobre a vida da cidade. Proprietário de uma Empresa Funerária e de carros para aluguel. Em 1912 confeccionou o primeiro carro alegórico carnavalesco da cidade. Casado com Luzia de Santi.
Aos 122 PP
O texto de João Gonçalves Carriço, personificando o pintor Faísca, que levo comigo em apresentações de teatro, nas salas de aula ou congressos, é uma explosão de criatividade que foi resgatada pela também saudosa Revista D'Lira:
Aos 122 PP
PINTURA PERFEITA PRODUÇÃO PRODIGIOSA
PINTURA POR POUCO PREÇO E PERPÉTUA
PINTO POR PROFISSÃO E PROFICIENTEMENTE:
PAISAGENS, PANORAMAS, PLACAS PARA PUBLICIDADE
PALÁCIOS PÚBLICOS E PARTICULARES
PALANQUES, PALANQUINS, PELES
PANDEIROS, PERIPÉCIAS, PARQUES
PANO, PAPEL, PAPELÃO
PARAPEITOS , PALCOS, PRAÇAS
PASTA, PASTEL, PINCEL, PENA
PAVILHÕES, PRÉDIOS, PORTAS
PAVIMENTOS, PERFIS, E PEÇAS
PEITORIS, PORTAIS, PORTÕES
PLATAFORMAS, PILASTRAS, PEDESTAIS
PLANTAS, PAREDES, PONTES
PLUMAS, PÁSSAROS E PAQUETES
PORCELANAS, PAU, PEDRA
POSTES, PLATIBANDAS E PAGODES
PRESÉPIOS, PERSPECTIVAS, PLANTAS
PROLONGANDO...
PONHO PAPÉIS PINTANDO PELA PAREDES
PARECENDO POMPOSA PINTURA A PINCEL!
PROSSEGUINDO...
PINTO PRODÍGIOS PEDINDO POR PROPOSITAL
PAGAMENTO PRÉVIO
PREFIRO PINTAR PARA PECHINCHEIROS,
PAGANDO PRONTAMENTE A PINTURA...
PATENTEI PROPENSÃO PARA A PINTURA,
PRINCIPEI POIS A PINTAR POR PASSATEMPO
PORÉM PELA PROCURA PASSEI À PRÁTICA
POR PROFISSÃO
PRESENTEMENTE PINTO PEDIDOS DE PAINÉIS PARA PROPAGANDA POLÍTICA,
PINTANDO PASMOSAMENTE POR PROCESSOS PRÓPRIOS.
Aos 122 PP
PINTURA PERFEITA PRODUÇÃO PRODIGIOSA
PINTURA POR POUCO PREÇO E PERPÉTUA
PINTO POR PROFISSÃO E PROFICIENTEMENTE:
PAISAGENS, PANORAMAS, PLACAS PARA PUBLICIDADE
PALÁCIOS PÚBLICOS E PARTICULARES
PALANQUES, PALANQUINS, PELES
PANDEIROS, PERIPÉCIAS, PARQUES
PANO, PAPEL, PAPELÃO
PARAPEITOS , PALCOS, PRAÇAS
PASTA, PASTEL, PINCEL, PENA
PAVILHÕES, PRÉDIOS, PORTAS
PAVIMENTOS, PERFIS, E PEÇAS
PEITORIS, PORTAIS, PORTÕES
PLATAFORMAS, PILASTRAS, PEDESTAIS
PLANTAS, PAREDES, PONTES
PLUMAS, PÁSSAROS E PAQUETES
PORCELANAS, PAU, PEDRA
POSTES, PLATIBANDAS E PAGODES
PRESÉPIOS, PERSPECTIVAS, PLANTAS
PROLONGANDO...
PONHO PAPÉIS PINTANDO PELA PAREDES
PARECENDO POMPOSA PINTURA A PINCEL!
PROSSEGUINDO...
PINTO PRODÍGIOS PEDINDO POR PROPOSITAL
PAGAMENTO PRÉVIO
PREFIRO PINTAR PARA PECHINCHEIROS,
PAGANDO PRONTAMENTE A PINTURA...
PATENTEI PROPENSÃO PARA A PINTURA,
PRINCIPEI POIS A PINTAR POR PASSATEMPO
PORÉM PELA PROCURA PASSEI À PRÁTICA
POR PROFISSÃO
PRESENTEMENTE PINTO PEDIDOS DE PAINÉIS PARA PROPAGANDA POLÍTICA,
PINTANDO PASMOSAMENTE POR PROCESSOS PRÓPRIOS.
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